A Nova Era do Fair Play Financeiro no Futebol Brasileiro
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) deu um passo importante na organização financeira do esporte ao apresentar o Regulamento do Fair Play Financeiro, oficialmente denominado Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF). Com foco em quatro pilares essenciais – controle de dívidas em atraso, equilíbrio operacional, controle de custos do elenco e controle de dívidas de curto prazo –, o SSF busca elevar o padrão de governança dos clubes e, consequentemente, sua estabilidade econômica. O período de transição se estende até 2027, mas as exigências já começam a valer no curto e médio prazos.
Desafios e Mecanismos de Fiscalização
Gustavo Nadalin, renomado especialista em governança e compliance no futebol, destacou os desafios que clubes associativos e Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) enfrentarão para se adaptar às novas regras. Ele enfatizou a importância da autonomia dos departamentos de compliance dentro dos clubes e a necessidade de uma agência reguladora forte para fiscalizar o cumprimento das normas. A Agência Nacional de Regulação e Sustentabilidade do Futebol (Anresf) será a responsável por essa tarefa crucial.
Penalidades e Responsabilidade Individual
Nadalin alertou que o descumprimento das regras do SSF não sairá barato. Inicialmente, as advertências podem se traduzir em multas pecuniárias. No entanto, o especialista ressaltou que a responsabilidade pessoal de dirigentes, conselheiros e diretores também estará em jogo, com a previsão de multas individuais. “Não adianta se esconder atrás do escudo do clube”, afirmou Nadalin, sinalizando o fim da impunidade para gestores omissos ou fraudulentos.
A Ameaça dos Clubes “Laranja” e o Legado do Fifagate
Um dos pontos de maior preocupação levantados por Nadalin é a potencial utilização de clubes menores como “laranjas” para maquiar balanços financeiros de instituições maiores. Essa prática, que visa burlar os controles e apresentar uma saúde financeira irreal, será um alvo direto da nova regulamentação. O especialista também conectou a evolução dos mecanismos de governança e debate no futebol ao escândalo do Fifagate, que expôs esquemas de corrupção e impulsionou a busca por maior transparência e controle no esporte.