Crise e afastamento de Ednaldo Rodrigues marcam 2025 na CBF
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) encerra o ano de 2025 em meio a intensas turbulências, a apenas seis meses da Copa do Mundo de 2026. Após uma das maiores crises em sua história, a entidade busca projetar melhorias dentro de campo, com um novo calendário, fair-play financeiro e a implementação do impedimento semi-automático.
O início do ano foi marcado pela frustração com a negativa de Carlo Ancelotti, que acabou levando à contratação de Dorival Júnior. No entanto, o desempenho insatisfatório da seleção, culminando em uma goleada de 4 a 1 para a Argentina, selou o fim da passagem do técnico.
Contrariando o mau momento esportivo, o presidente Ednaldo Rodrigues foi reeleito por unanimidade de clubes e federações. Seu último ato antes do afastamento foi, ironicamente, a conclusão da contratação de Ancelotti, que agora assume o comando da seleção.
Gastos elevados e gestão autoritária levam Ednaldo à queda
A queda de Ednaldo Rodrigues foi precipitada por denúncias de gastos excessivos e gestão autoritária, reveladas pela revista piauí. Os salários dos chefes das afiliadas da CBF, que eram de R$ 50 mil até 2021, saltaram para R$ 215 mil no início de 2025, com direito a 16º salário.
A instabilidade jurídica se intensificou com um processo no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), movido em 2023, que determinou o afastamento de Ednaldo. A decisão foi apoiada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que antes mantinha o presidente no cargo.
A fragilidade do acordo que conferia estabilidade à gestão de Ednaldo, assinado em janeiro de 2025, veio à tona com a acusação de fraude em uma das assinaturas. A investigação apontou que o ex-presidente coronel Nunes não teria condições de assinar o documento, que havia sido homologado pelo STF. Uma perícia anexada ao processo revelou a irregularidade.
Novo comando: Samir Xaud assume a CBF com apoio expressivo
Após o STF determinar que o TJ-RJ reavaliasse o acordo, a instabilidade jurídica foi considerada “a gota d’água”. Ednaldo Rodrigues tentou reverter a decisão e anular o processo eleitoral convocado pela própria CBF, mas acabou desistindo do retorno para, segundo ele, “pacificar” o futebol brasileiro.
Em meio à disputa eleitoral, 32 clubes das Séries A e B do Brasileirão articularam apoio a Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF). No entanto, com a chapa de Bastos não inscrita e Samir Xaud como candidato único, apoiado por 25 federações, Xaud foi aclamado presidente com mandato até 2029.
Flavio Zveiter foi nomeado um dos vice-presidentes, enquanto Gustavo Feijó, presidente da Federação Alagoana de Futebol, assumiu a diretoria de seleções.
Ancelotti define postura sobre Neymar e monta seleção para a Copa
Carlo Ancelotti, agora como técnico da seleção brasileira, tem sua postura em relação a Neymar constantemente questionada. Diante da incerteza sobre a recuperação física do jogador, Ancelotti foi enfático: “Se Neymar merecer estar na Copa do Mundo, está bem. Se Neymar estiver melhor que outro (jogador), vai jogar a Copa do Mundo. Ponto. Eu não tenho dívida com ninguém”.
A seleção brasileira tem encontrado uma forma de atuar sem Neymar, algo que não ocorria desde 2010. Apesar de algumas derrotas, Ancelotti tem construído uma espinha dorsal, com a dúvida principal residindo entre Raphinha e Estêvão para compor o ataque ao lado de Vinicius Júnior, Rodrygo e Matheus Cunha.
Com os primeiros adversários da Copa definidos – Marrocos, Haiti e Escócia –, Ancelotti demonstra confiança: “Temos que ganhar os três jogos”. Antes do Mundial, a seleção ainda terá amistosos contra França e Croácia em março.