A última rodada do Brasileirão 2025 entregou um roteiro digno dos grandes dramas do futebol, onde a linha entre a glória e o abismo foi redefinida a cada minuto. Com nove jogos acontecendo simultaneamente, o cenário do rebaixamento virou de cabeça para baixo em uma montanha-russa de emoções, que viu clubes históricos como o Internacional escapar por um fio enquanto outros, antes considerados seguros, despencavam para a Série B de 2026. A urgência da permanência na elite ditou o ritmo, e a figura de Abel Braga no comando do Inter emergiu como um farol em meio ao caos.
O que se viu no domingo final não foi apenas uma série de resultados, mas uma batalha intensa de nervos, tática e superação. Em Porto Alegre, sob um sol escaldante, o Internacional lutou contra seu próprio passado recente de declínio, buscando uma vitória crucial. Paralelamente, em outras praças, os destinos de Vitória, Ceará e, surpreendentemente, Fortaleza, eram decididos por gols nos acréscimos e viradas improváveis.
Essa rodada não apenas encerrou uma temporada, mas desenhou o futuro de grandes instituições do futebol brasileiro, marcando a linha entre a estabilidade e um futuro incerto.
Análise SIMBA: O Que o Dirigente Não Contou
A salvação do Internacional, orquestrada por Abel Braga em um momento de pura catarse, vai muito além de um simples resultado em campo. Financeiramente, a permanência na Série A representa uma injeção vital de receita televisiva, patrocínios e bilheteria, evitando um rombo que poderia ultrapassar os R$ 100 milhões em um ano. A manutenção do elenco principal, que parecia improvável em caso de queda, ganha um novo fôlego. Contratos de jogadores-chave, como Alan Patrick, seriam renegociados ou até rescindidos, e a moral do clube, já abalada, enfrentaria um colapso. A diretoria colorada agora tem a chance de um planejamento mais robusto para 2026, com menos pressão para vender atletas e mais tempo para buscar reforços pontuais, em vez de uma reformulação completa e emergencial.
Do outro lado da moeda, a queda do Fortaleza é um golpe devastador e que expõe vulnerabilidades crônicas. O clube, que se manteve fora da zona de rebaixamento por impressionantes 27 rodadas, desabou na reta final. A perda do status de Série A implica uma drástica redução de verbas, impactando diretamente projetos de infraestrutura, categorias de base e a capacidade de atrair e reter talentos. A pressão sobre o técnico Juan Pablo Vojvoda e sua comissão técnica será imensa, e a saída de jogadores importantes para aliviar a folha salarial é quase inevitável. Este revés não é apenas esportivo; é um alerta sobre a necessidade de maior resiliência e profundidade de elenco, especialmente para times que aspiram a competições internacionais mas falham em consolidar-se internamente.
A conjuntura final do Brasileirão 2025, com Inter, Vitória e Vasco salvos pela “ruindade” de quem caiu, revela um cenário preocupante para a saúde geral do futebol nacional. O fato de que oito dos 29 clubes terminaram a temporada com menos de 46 pontos – o suposto “número mágico” da permanência – e que a maioria das equipes teve saldo de gols negativo, demonstra uma deficiência técnica e tática generalizada. Isso sugere que a elite brasileira, embora tenha um campeão e um vice indiscutíveis (Flamengo e Palmeiras), carece de um nível médio elevado, com muitos times flertando perigosamente com o rebaixamento por puro mérito negativo dos adversários. Os dirigentes precisam refletir sobre a qualidade do produto que estão entregando e os investimentos em formação e gestão.
O Caos da Última Rodada: Minuto a Minuto de Tensão
A tarde de domingo foi um turbilhão. Quando o relógio marcava 16h04, a bola rolou em nove estádios. O Internacional, antes do jogo, via-se na Série B. Aos 17h16, um gol de Mercado no Beira-Rio, somado à virada do Botafogo sobre o Fortaleza no Engenhão, tirou o Colorado do Z-4. A alegria, porém, durou apenas sete minutos, com o Fortaleza empatando no Rio, recolocando o Inter e o Vitória na degola. Aos 17h28, a virada do Palmeiras sobre o Ceará mudou tudo novamente, rebaixando o Vozão. Aos 17h35, um gol de Baralhas para o Vitória, contra o São Paulo, empurrava o Inter de volta ao funil. Mas o Inter tinha mais a dizer. Um pênalti aos 17h41, convertido por Alan Patrick, e um gol de Carbonero aos 17h47, selaram o 3×1 que garantiria a permanência colorada.
O Milagre de Abel Braga no Beira-Rio
Abel Braga, o lendário Abelão, cumpriu sua promessa. Em uma entrevista carregada de emoção, ele havia declarado a permanência na Série A como “maior que o Mundial”. E entregou. Com um time que lembrava os piores dias da temporada, Abel conseguiu, através de sua experiência e carisma, mobilizar o que restava de um elenco fragilizado. A vitória de 3×1 sobre o Red Bull Bragantino, no Beira-Rio, com a torcida carregando a faixa “viemos pela camisa, não por vocês”, simbolizou a união da instituição em um momento desesperador. Sua liderança foi crucial para evitar a segunda queda colorada em poucos anos.
A Queda Inesperada do Fortaleza e o Drama do Ceará
O Fortaleza, que havia se consolidado como um time de Copa Libertadores nas últimas temporadas, viveu um verdadeiro pesadelo. Após passar 27 rodadas fora da zona de rebaixamento, a equipe de Juan Pablo Vojvoda não resistiu à pressão final e, com a derrota para o Botafogo, selou seu destino na Série B. Uma queda chocante para um clube que parecia ter encontrado um caminho de ascensão. O Ceará, por sua vez, experimentou o mais cruel dos rebaixamentos: ficou 37 rodadas fora do Z-4, mas perdeu para o Palmeiras e caiu na última e decisiva rodada, num desfecho que pareceu profundamente injusto para seus torcedores.
Campeões e Vices: A Temporada de Contrastes
Enquanto a parte de baixo da tabela fervia em drama, o Brasileirão 2025 também coroou um grande campeão, o Flamengo, que repetiu a dobradinha de 2019 e a epopeia do Botafogo em 2024 (campeão da América e do Brasil). O Palmeiras, com uma campanha sólida, terminou como um merecido vice-campeão, superando recordes de pontos para um segundo colocado. No entanto, a disparidade entre o topo e a base da tabela foi gritante. A maioria dos times sofreu mais gols do que marcou, evidenciando uma temporada onde, para muitos, a mediocridade foi a norma e a luta pela permanência foi mais uma questão de quem foi “menos pior”.
Perguntas Frequentes (FAQ)
Q1: O que salvou o Internacional do rebaixamento na última rodada?
A: O Internacional garantiu sua permanência na Série A ao vencer o Red Bull Bragantino por 3×1 no Beira-Rio, além de contar com a combinação de resultados favoráveis em outros jogos, como a derrota do Fortaleza para o Botafogo e o rebaixamento do Ceará. A vitória foi crucial, e a liderança de Abel Braga fundamental.
Q2: Qual foi o impacto da última rodada para o Fortaleza?
A: O Fortaleza sofreu uma queda inesperada para a Série B de 2026, após uma derrota para o Botafogo no Nilton Santos. Apesar de ter passado grande parte da temporada fora da zona de rebaixamento, a equipe não conseguiu segurar a pressão na reta final, culminando em um desfecho dramático e com sérias implicações financeiras e esportivas para o clube.
Q3: Como a temporada 2025 do Brasileirão pode ser avaliada para os times brasileiros, considerando os resultados finais?
A: A temporada foi marcada por um forte contraste: a hegemonia de Flamengo e Palmeiras no topo e uma grande fragilidade na parte de baixo da tabela. A maioria dos times terminou com saldo de gols negativo, e a salvação de clubes como Internacional, Vitória e Vasco foi atribuída, em grande parte, à performance ainda pior dos rebaixados. Isso aponta para uma qualidade média inferior e um alerta para a gestão e planejamento dos clubes da elite.
Diante de uma rodada tão eletrizante, qual sua opinião sobre o destino de Inter e Fortaleza? A liderança de Abel Braga fez a diferença? Deixe seu comentário e participe da análise!
Fonte: https://www.estadao.com.br