Nascida em Santiago em 1974, Jeannette Jara é a candidata que emerge como a principal figura da esquerda chilena nas próximas eleições presidenciais. A mais velha de cinco irmãos, Jara cresceu no bairro de Conchalí, na zona norte da capital, em um lar de origem humilde – filha de um mecânico e uma dona de casa – e com forte influência de ideais de esquerda. “Venho de uma família trabalhadora e sei o que é acordar cedo para trabalhar e voltar tarde para casa, na esperança de que o sacrifício valha a pena”, declarou a candidata, ecoando a experiência de muitos chilenos. Sua vida pessoal foi marcada por desafios, incluindo a viuvez precoce aos 21 anos e a maternidade aos 33, o que reforça seu compromisso com um Chile onde crianças e jovens possam realizar seus sonhos sem excesso de trabalho.
A Trajetória de uma Líder de Esquerda
O engajamento de Jeannette Jara na política começou cedo. Em 1989, aos 15 anos, ela iniciou sua formação na Juventude Comunista do Chile, ingressando no Partido Comunista em 1999. Paralelamente à sua militância, Jara buscou formação acadêmica, graduando-se em Administração Pública pela Universidade de Santiago do Chile (USACH), onde chegou a presidir a Federação Estudantil em 1997. Mais tarde, em 2014, concluiu a graduação em Direito pela Universidade Central do Chile. Sua experiência profissional inclui anos como auditora no Serviço de Receita Interna (SII) e uma longa atuação como líder sindical, forjando sua compreensão sobre as necessidades dos trabalhadores.
Ascensão no Cenário Político Chileno
A ascensão de Jara no cenário político ganhou destaque durante o segundo mandato da ex-presidente Michelle Bachelet (2016-2018), quando foi nomeada subsecretária da Previdência Social. Após esse período, dedicou-se à advocacia e ao ensino universitário, embora uma tentativa de se eleger prefeita de Conchalí não tenha sido bem-sucedida. O ponto alto de sua carreira veio com o governo de Gabriel Boric, onde assumiu o Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Nesse cargo, Jara foi a peça-chave para a aprovação de um projeto histórico: a redução da jornada de trabalho de 45 para 40 horas semanais, uma de suas principais bandeiras.
Distanciamento Crítico e Visão de Futuro
Apesar de ser membro do Partido Comunista, Jeannette Jara é reconhecida por sua notável capacidade de negociação e diálogo com a oposição política e o setor empresarial, característica que lhe confere um perfil pragmático. Contudo, ela não se furta a expressar posições críticas, especialmente em relação à Venezuela e ao regime de Nicolás Maduro, que ela classifica como autoritário. Jara chegou a sinalizar que poderia suspender sua filiação partidária caso fosse eleita presidente, marcando um distanciamento em temas sensíveis. Sua plataforma de governo se estrutura em três pilares: desenvolvimento impulsionado pela demanda interna, bairros dignos e cidadania plena, priorizando o bem-estar das pessoas sobre os lucros.
Após três anos à frente do Ministério, Jara deixou o governo Boric para se dedicar integralmente à campanha presidencial, consolidando-se como a principal voz da esquerda chilena, unindo tanto as vertentes tradicionais quanto as progressistas, e prometendo um futuro de maiores oportunidades para todos os chilenos.