2025/12 — Diretor do Flamengo compara pressão no clube com o Palmeiras: ‘Não tem a nossa grandeza’

Pressão e grandeza: A visão do Flamengo sobre a formação de atletas

Apesar de um ano vitorioso, com títulos como o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América, o Flamengo enfrenta um desafio interno: a pouca utilização de atletas formados nas categorias de base no elenco profissional. Em entrevista ao podcast português “No Princípio Era a Bola”, o diretor de futebol do clube, José Boto, comparou a situação com a do Palmeiras, destacando a diferença na pressão sofrida por ambos os clubes.

“Nisso o Palmeiras está mais à frente. Não em ter melhores jogadores na formação, é na transição que faz para o nível profissional. Nós vamos tentar caminhar nesse sentido”, admitiu Boto. Ele ressaltou que, embora o Palmeiras tenha sua grandeza, ela não se compara à do Flamengo. Como exemplo, citou a necessidade de escalar um jovem de 17 anos como zagueiro em duas partidas. “Ali mataram”, lamentou o diretor, referindo-se à exposição e críticas que o garoto sofreu, o que, segundo ele, dificulta a recuperação da confiança para um jogador tão jovem.

Cobrança intensa e o futuro do elenco flamenguista

Boto explicou que a pressão no Flamengo é distinta da vivida no Palmeiras, indo além do desempenho em campo. “Estamos a falar de irem à rede social do jovem, da mãe, darem cabo dele, dizerem que fez de propósito. Coisas completamente loucas que não estamos habituados na Europa”, criticou, evidenciando a intensidade das cobranças nas redes sociais e pela imprensa no Brasil.

Para a temporada de 2026, o diretor prevê um cenário ainda mais desafiador. “Acho que a temporada vai ser mais difícil porque não é fácil repetirmos o que fizemos. Conhecendo eu, a imprensa e a torcida, eles vão exigir o mesmo e mais ainda, mesmo que não exista mais para ganhar”, projetou. Ele destacou que, embora o objetivo seja sempre vencer, não é realista esperar repetir o sucesso de anos anteriores. O foco principal, segundo ele, continua sendo o Campeonato Brasileiro, por ser uma competição mais previsível que a Libertadores.

Mercado e cultura europeia: Ajustes pontuais no elenco

Quanto a possíveis mudanças no elenco, José Boto indicou que haverá ajustes pontuais, mas descartou uma “revolução”. “Temos tudo planejado para que o elenco seja melhor. Nunca existe um plantel perfeito, há sempre coisas a ajustar”, afirmou. Ele também mencionou a importância de observar o rendimento dos jogadores ao longo da temporada para fazer as corregendas necessárias, sempre com calma e sem grandes alterações, devido ao peso emocional no futebol brasileiro.

O diretor também revelou que o Flamengo tem olhado cada vez mais para o mercado europeu. “Claramente, o mercado sul-americano é neste momento pequeno para aquilo que é a realidade do Flamengo e a cultura do Flamengo”, justificou. A necessidade de trazer jogadores prontos para lidar com a pressão do Maracanã e da imprensa foi um dos pontos levantados. “Jogadores com mais bagagem, mais experiência, suportam isso melhor do que outros. Além dessa ideia, há também uma ideia de trazer uma cultura mais europeia para dentro do clube”, concluiu.

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