2025/12 — A Reviravolta de Glauber Braga: Como Indefinição de Votos e Apoio do Centrão Salvaram o Mandato do Deputado na Câmara

A Reviravolta de Glauber Braga: Como Indefinição de Votos e Apoio do Centrão Salvaram o Mandato do Deputado na Câmara

De uma cassação iminente a uma suspensão de seis meses: a articulação da esquerda e a divisão do Centrão mudaram o destino de Glauber Braga (PSOL-RJ) em uma noite tensa na Câmara dos Deputados.

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) vivenciou uma montanha-russa política que culminou em uma reviravolta surpreendente na Câmara dos Deputados. Na manhã da última quarta-feira (10), o cenário era de uma cassação praticamente certa de seu mandato, especialmente após um incidente em que ele ocupou a Mesa do plenário e foi retirado à força. No entanto, ao final da noite, o sentimento era de alívio e comemoração, com o deputado tendo seu mandato suspenso por seis meses, uma punição significativamente menos severa.

O Ponto de Virada: Articulação e Solidariedade

Glauber Braga atribuiu o desfecho favorável a uma “vitória coletiva”, resultado da solidariedade recebida e de uma intensa articulação política. Segundo ele, um impasse se formou, com nem a oposição nem o Centrão, e nem a esquerda, possuindo os 257 votos necessários para impor suas respectivas vontades. A apresentação de uma emenda para a suspensão do mandato, em vez da cassação, foi crucial para desequilibrar a balança.

A Estratégia da Esquerda e o Papel do Centrão

A articulação que mudou o jogo começou pela manhã, liderada pela líder da bancada do PSOL, Talíria Petrone (RJ). Ela buscou deputados considerados mais moderados de partidos do Centrão, como União Brasil, PP, PSD e MDB. Petrone conseguiu convencer parte desses parlamentares de que a cassação seria um exagero, um “motivo torpe” comparado a outros casos mais graves. Além disso, alas de deputados expressaram preocupação com a abertura de precedentes para situações futuras e a projeção de uma imagem negativa para a Câmara.

O processo contra Glauber Braga foi motivado por quebra de decoro parlamentar após um confronto com um integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) nas dependências do Congresso. O deputado alegou ter sido provocado, inclusive com ofensas à sua mãe.

A Emenda Decisiva e a Votação

Um fator determinante foi a apresentação, por Talíria Petrone, de um destaque para aprovar uma emenda do líder do PT, Lindbergh Farias (RJ). Essa manobra, resultado de uma articulação conjunta da esquerda, visava converter a eventual cassação com inelegibilidade por oito anos na suspensão de seis meses. A emenda precisava de 257 votos favoráveis e foi aprovada com 318. O próprio PSOL e outras siglas de esquerda votaram a favor da suspensão para garantir a punição mais branda como alternativa à cassação.

A divisão do Centrão também foi fundamental. Muitos deputados desse bloco votaram a favor da suspensão por não terem certeza de que conseguiriam os votos suficientes para aprovar a cassação. Diante da incerteza, preferiram garantir alguma punição do que correr o risco de ver todo o processo contra Glauber arquivado sem qualquer consequência.

Talíria Petrone celebrou o resultado como uma “vitória do povo brasileiro e da democracia”. Ela destacou que cassar um deputado por um “motivo torpe” seria um ataque ao conjunto do Parlamento e reconheceu o compromisso de partidos de centro com a própria instituição, apesar das grandes divergências ideológicas.

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