A Era de Ouro da Playboy Brasileira
A Playboy do Brasil, considerada por Hugh Hefner, o fundador da marca, como a melhor do mundo após a americana, deixou uma marca indelével na cultura e no imaginário masculino brasileiro. Lançada em 1975 pela Editora Abril, a revista não apenas apresentou ensaios fotográficos ousados, mas também se tornou um palco para o jornalismo de qualidade, com o famoso “entrevistão” que atraiu personalidades de diversas áreas.
Padrões de Beleza e a Busca pela Perfeição
Por décadas, a Playboy brasileira ditou um padrão de beleza específico: mulheres jovens, magras e, majoritariamente, brancas. A busca pela imagem perfeita era uma constante, com recursos que evoluíram de fitas adesivas para levantar seios nos primórdios a tecnologias primitivas de edição digital, precursoras do Photoshop. O editor de imagens Sérgio Picciarelli, apelidado de “Ivo Pitanguy”, era mestre em retocar as fotos, criando a ilusão de corpos sem imperfeições, com peles lisas, cinturas finas e seios firmes.
Estrelas da Capa: O Diferencial Brasileiro
Uma estratégia que distinguiu a Playboy brasileira das demais edições internacionais foi a aposta em contratar mulheres famosas para suas capas. A partir de 1978, atrizes de novelas da TV Globo, como Betty Faria, Lídia Brondi, Christiane Torloni e Sônia Braga, além de modelos em ascensão como Xuxa, estamparam a publicação. Essa abordagem, combinada com ensaios fotográficos artísticos realizados por renomados fotógrafos como J.R. Duran, Bob Wolfenson e Luis Crispino, conferiu à revista um status que a distanciava da pornografia, atraindo inclusive figuras públicas para entrevistas.
Transformações e o Declínio de uma Era
Ao longo de suas quase 500 edições regulares, a revista apresentou variações em seu modelo de desejo, mas o padrão de beleza hegemônico se manteve por muito tempo. Nos anos 1990, a Playboy brasileira viveu sua década de ouro, com vendas ultrapassando um milhão de exemplares. No entanto, a ascensão da internet e a pirataria digital provocaram uma queda acentuada nas vendas. A partir dos anos 2000, o padrão de corpos com mais intervenções cirúrgicas, como próteses de silicone, tornou-se mais comum. Com a retração do mercado, os cachês para as celebridades diminuíram, e os ensaios passaram a ser realizados em destinos nacionais. Em 2015, a Editora Abril encerrou o contrato com a Playboy americana, marcando o fim de uma era. Mesmo após o encerramento da publicação, o legado e o interesse pela história da Playboy no Brasil permanecem evidentes, com conteúdos sobre a revista frequentemente entre os mais lidos do portal UOL.