Mais de um bilhão de mulheres e meninas em todo o mundo já foram expostas a alguma forma de violência, com consequências devastadoras para a saúde física e mental. Esse é o panorama alarmante traçado por um novo estudo do Global Burden of Disease (GBD) 2023, cujos dados foram publicados recentemente na renomada revista científica The Lancet.
Números Chocantes e Tipos de Violência
A pesquisa revela que mais de um bilhão de mulheres com idade a partir dos 15 anos foram expostas à violência sexual durante a infância. Além disso, as estimativas para 2023 apontam que 608 milhões de mulheres sofreram violência por parceiros íntimos, sejam eles atuais ou anteriores, o que inclui abusos físicos e sexuais. Esses números sublinham a dimensão global e persistente do problema, demonstrando a urgência de intervenções.
Impacto Profundo na Saúde a Longo Prazo
Os pesquisadores do GBD 2023 enfatizam que essas experiências traumáticas estão intrinsecamente ligadas a uma ampla gama de condições de saúde a longo prazo. Entre as consequências mais citadas estão distúrbios como depressão e ansiedade, desenvolvimento de doenças crônicas e um risco significativamente maior de morte prematura. A violência, portanto, não é apenas uma questão de segurança e direitos humanos, mas uma crise de saúde pública com impactos duradouros.
Cenário Global e Desafios Regionais
O estudo aponta que as maiores taxas de violência estão concentradas em regiões como a África Subsaariana e o sul da Ásia. Nessas áreas, a prevalência de HIV e outras condições crônicas, frequentemente relacionadas ao abuso sexual, é particularmente alta. Contudo, os países de alta renda também enfrentam desafios substanciais. Nesses locais, a violência contra a mulher figura entre os principais fatores de risco para o HIV, especialmente entre jovens de 15 a 49 anos. Fatores como transtornos por uso de substâncias e doenças não transmissíveis em nações mais ricas contribuem para os impactos significativos da violência na saúde.
Urgência para Ação e Prioridade de Saúde Pública
Diante desses dados, os autores do estudo reforçam a necessidade urgente de medidas preventivas eficazes. Eles defendem o fortalecimento de marcos legais, a promoção ativa da igualdade de gênero e a ampliação de serviços de apoio para as sobreviventes de violência. Em comunicado à imprensa, os pesquisadores foram enfáticos: combater a violência contra mulheres e crianças “não é apenas uma questão de direitos humanos, mas também uma prioridade crucial de saúde pública que pode salvar milhões de vidas, melhorar os resultados da saúde mental e construir comunidades resilientes”.