2025/12 — Flávio Bolsonaro, o Centrão e A Black Friday dos votos bolsonaristas
A política brasileira frequentemente se move em ciclos de especulação e articulação, e um dos temas que têm ganhado destaque nos bastidores é a possibilidade de Flávio Bolsonaro lançar-se como candidato à presidência da República. Essa potencial movimentação não apenas reacende debates sobre o futuro do bolsonarismo no país, mas também coloca em evidência a complexa rede de alianças e apoios que seriam necessários para tal empreitada. Nesse cenário, o papel do Centrão emerge como um pilar fundamental, um grupo de partidos com notória influência no Congresso e capacidade de moldar eleições. Analistas políticos observam a forma como a base bolsonarista se organiza e mobiliza, procurando entender a dinâmica de uma possível “Black Friday” dos votos, um período de intensa barganha e busca por apoio que pode definir os rumos de uma campanha presidencial. A ascensão de uma figura familiar ao patriarca do movimento pode representar tanto uma força de continuidade quanto um novo desafio para o eleitorado e o próprio movimento. A articulação política para a candidatura A ascensão de um nome da família Bolsonaro à disputa pela presidência da República, como a de Flávio Bolsonaro, naturalmente deflagra um intrincado processo de articulação política. Para além do apoio da base ideológica, qualquer candidatura com aspirações de vitória nacional depende de uma vasta estrutura partidária e de alianças estratégicas. A viabilidade de tal projeto passa, invariavelmente, pela capacidade de construir pontes com diferentes espectros políticos, inclusive aqueles que, em outros momentos, foram adversários. O papel do Centrão e as alianças estratégicas Nesse tabuleiro de xadrez político, o Centrão se posiciona como um jogador indispensável. Composto por uma gama de partidos de diferentes matizes ideológicas, mas com um forte pragmatismo político, o Centrão representa um bloco decisivo no Congresso Nacional. Seu apoio não se traduz apenas em tempo de televisão e estrutura partidária; ele significa acesso a redes de influência locais, capacidade de mobilização em municípios e estados e, crucially, a garantia de governabilidade caso a eleição seja bem-sucedida. Historicamente, o Centrão negocia apoio em troca de espaços no governo e políticas públicas que beneficiem suas bases eleitorais. Para uma candidatura como a de Flávio Bolsonaro, garantir a adesão desse grupo seria crucial para dar musculatura ao projeto, ampliar sua capilaridade nacional e superar as barreiras de uma disputa majoritária em um país tão diverso. As negociações seriam intensas, envolvendo promessas de programas e cargos, refletindo a natureza transacional da política brasileira. O engajamento da base bolsonarista Paralelamente à articulação com o Centrão, a força motriz de qualquer candidatura bolsonarista reside no fervor e na lealdade de sua base eleitoral. O bolsonarismo, como movimento, transcende as estruturas partidárias tradicionais, ancorando-se em uma conexão direta com seus apoiadores, muitas vezes via redes sociais e eventos públicos. Uma possível candidatura de Flávio Bolsonaro teria o desafio de reativar e expandir essa base. Isso envolveria a mobilização de grupos engajados, influenciadores digitais e lideranças comunitárias que compartilham os valores e pautas do movimento. A capacidade de gerar engajamento espontâneo, de galvanizar militantes e de converter essa paixão em votos é um dos maiores trunfos do bolsonarismo. No entanto, o desafio seria também atrair eleitores que não se consideram ideologicamente alinhados, mas que podem ser persuadidos por propostas específicas ou pela busca de um projeto de governo diferente do status quo. Os desafios e oportunidades eleitorais A jornada rumo à presidência é pavimentada por inúmeros obstáculos e, ao mesmo tempo, por janelas de oportunidade que precisam ser habilmente exploradas. Uma candidatura com o DNA Bolsonaro enfrentaria desafios únicos, mas também poderia capitalizar sobre um legado político já estabelecido. A percepção pública sobre a gestão anterior e a habilidade de projetar uma visão de futuro seriam determinantes para o sucesso. O legado do bolsonarismo e a busca por novos eleitores O movimento bolsonarista, consolidado nos últimos anos, possui um legado ambivalente. Por um lado, construiu uma base eleitoral fiel e ideologicamente engajada, que valoriza pautas como o conservadorismo social, o liberalismo econômico e a oposição ao que consideram “establishment”. Por outro lado, também enfrenta resistências significativas em setores da sociedade, que criticam aspectos de sua governança e retórica. Para uma candidatura de Flávio Bolsonaro, o desafio seria não apenas manter a coesão de sua base original, mas também expandir seu alcance para além dos eleitores já convertidos. Isso exigiria uma campanha capaz de dialogar com diferentes públicos, moderar discursos sem perder a essência do movimento, e apresentar soluções concretas para os problemas do país, como economia, educação e saúde. A busca por novos eleitores passaria por desmistificar preconceitos e por mostrar uma face mais propositiva e conciliadora do bolsonarismo, sem, contudo, alienar seus apoiadores mais fervorosos. A metáfora da “Black Friday” eleitoral A expressão “Black Friday” dos votos bolsonaristas pode ser interpretada como uma metáfora para um período de intensa e decisiva corrida eleitoral, onde as condições políticas se tornam extremamente favoráveis para uma grande “promoção” de votos. Similar ao frenesi comercial da Black Friday, que impulsiona o consumo massivo através de ofertas atrativas em um curto período, a política pode vivenciar momentos em que eventos ou estratégias específicas geram um volume excepcional de apoio. Isso poderia se manifestar em uma campanha focada em grandes eventos, anúncios impactantes ou uma série de movimentos políticos coordenados para maximizar o apelo eleitoral em um período crucial. Poderia significar a capitalização de descontentamentos populares, a exploração de janelas de oportunidade criadas por falhas de adversários, ou a realização de grandes acordos que, de repente, consolidam um apoio massivo. A ideia é criar um senso de urgência e oportunidade para que o eleitor bolsonarista (e potenciais novos eleitores) se sinta compelido a apoiar e engajar-se de forma massiva, transformando o “dia da eleição” ou o período que a antecede em um momento de máxima performance e captura de votos. Perspectivas de uma candidatura e o futuro do bolsonarismo A possível candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência da República representa um ponto de inflexão na dinâmica política brasileira e no futuro do bolsonarismo como força política. A viabilidade e o



















