2025/12 — Copa 2026: ingressos mais baratos são tática, diz entidade de torcedores

A recente decisão da Fifa de introduzir uma nova categoria de ingressos mais baratos para a Copa do Mundo de 2026, com valores a partir de 60 dólares para a final, foi recebida com profundo ceticismo por associações de fãs globais. A Football Supporters Europe (FSE), uma das principais entidades a representar torcedores em todo o continente, descreveu a medida como uma “mera tática para acalmar os ânimos” após a intensa reação negativa provocada pelos preços inicialmente divulgados. Este anúncio, que visa supostamente tornar a competição mais acessível, não conseguiu dissipar as preocupações sobre a inclusão e o custo proibitivo de acompanhar o torneio, que ocorrerá em três países: Canadá, México e Estados Unidos. A comunidade de fãs, juntamente com figuras políticas e esportivas, continua a questionar se os ingressos Copa do Mundo 2026 realmente atendem à promessa de um Mundial para todos.

Críticas e o modelo de precificação da FIFA

A Football Supporters Europe (FSE), organização que congrega associações de torcedores de diversas federações, não poupou críticas à estratégia da Fifa. Para a entidade, a oferta de ingressos a 60 dólares para a final, por exemplo, embora pareça um alívio, é uma resposta reativa e insuficiente aos protestos em massa. Os bilhetes desta categoria mais acessível, reservados para torcedores oficiais vinculados às federações nacionais, são vistos como uma tentativa de mitigar a indignação global sem abordar as falhas estruturais no modelo de precificação. A FSE argumenta que esta “recuo parcial” expõe as lacunas de um sistema que, desde o princípio, não foi desenhado para ser verdadeiramente inclusivo.

A decepção dos torcedores europeus

A frustração é palpável entre os grupos de torcedores. Guillaume Auprêtre, porta-voz dos Irrésistibles Français (IF), um dos maiores grupos de fãs da seleção da França com cerca de 2,5 mil membros, expressou um sentimento geral de decepção. Ele destacou que os preços divulgados em 11 de dezembro para os grupos oficiais de torcedores colocaram em xeque a promessa do presidente da Fifa, Gianni Infantino, de realizar a “Copa do Mundo mais inclusiva” da história.

Os valores inicialmente anunciados chocaram muitos. Segundo o IF, um torcedor pode esperar desembolsar entre 190 e 600 euros por um jogo da fase de grupos. Para as quartas de final, os preços variam de 580 a 1.200 euros, e para a grande final, os custos podem chegar a impressionantes 3.600 a 7.400 euros. Auprêtre afirmou que, ao ver esses valores, a percepção imediata foi de que o sonho de muitos torcedores em acompanhar suas seleções estava em sério risco. A entidade entende que a simples adição de uma categoria de ingressos mais baratos não resolve a barreira de entrada imposta por esses custos exorbitantes para a maioria das fases da competição.

O impacto financeiro e a visão sobre a precificação

A discussão sobre o preço dos ingressos para a Copa do Mundo de 2026 vai além das táticas da Fifa e das reclamações pontuais, alcançando uma análise mais profunda sobre a estratégia da entidade e o impacto financeiro real na vida dos fãs. Especialistas e torcedores de longa data apontam para uma aparente equiparação entre os preços oficiais e os valores historicamente praticados no mercado de revenda, levantando questionamentos sobre a verdadeira intenção por trás dos custos elevados.

Preços oficiais x mercado de revenda

O cientista político argentino Christian Crivelli, de 34 anos, um entusiasta que já esteve nas Copas do Brasil (2014), Rússia (2018) e Catar (2022), e planeja ir à América do Norte em 2026, oferece uma perspectiva instigante. Crivelli sugere que a Fifa, em sua estratégia de precificação, buscou aproximar os valores oficiais dos ingressos daqueles que historicamente eram praticados no mercado paralelo de revenda. Segundo ele, a entidade tentou “levar os preços históricos de revenda (de ingressos para as Copas do Mundo) para os preços oficiais”. Em outras palavras, onde antes um ingresso de 60 dólares era revendido por 500 dólares, a Fifa agora estaria vendendo diretamente por 500 dólares, gerando um choque significativo para os torcedores.

Crivelli, que gerencia um dos grupos de WhatsApp da “La Banda Argentina” – uma comunidade de torcedores que se organiza para acompanhar o Mundial –, reforça essa visão. Para ele, a equiparação é evidente: “Se você olhar para o que foi a revenda histórica do Catar ou da Rússia, mais ou menos os preços se igualam ao que a Fifa está vendendo agora”. Essa análise sugere que a “inclusão” prometida pela Fifa poderia estar mais alinhada a uma captação de receita antes restrita ao mercado secundário.

A reação aos preços elevados transcendeu o universo dos torcedores organizados e dos especialistas. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também se manifestou, embora celebrando a disponibilidade de ingressos mais baratos, incentivou a Fifa a fazer mais para que os bilhetes sejam acessíveis e para que a Copa do Mundo não perca o contato com os “verdadeiros torcedores” que tornam o esporte tão especial.

Entre os fãs sul-americanos, que frequentemente enfrentam custos adicionais de viagens longas e câmbio desfavorável, o impacto financeiro é um desestímulo marcante. César Charry, administrador público colombiano, descreve os preços como “nas alturas”, inviabilizando o planejamento. Ele pondera que, para ir, as economias não seriam suficientes, e seria preciso recorrer a um empréstimo, tornando a decisão “muito complexa”. Daniel Ballén, outro colombiano, revelou que os valores elevados levaram sua família a abrir mão de gastos do dia a dia para manter o plano de acompanhar o torneio, um sacrifício que se sustenta apenas pela “paixão” que, para ele, está “acima” dos custos. Até mesmo no meio esportivo, a preocupação é visível: o técnico da seleção da Escócia, Steve Clarke, fez um apelo para que “as pessoas não se endividem para ir à Copa do Mundo”.

Cenário de incertezas e o desafio da inclusão

O anúncio de uma categoria de ingressos mais acessíveis pela Fifa para a Copa do Mundo de 2026, embora tenha sido apresentado como um esforço para acalmar as tensões, falhou em convencer a maioria dos observadores e das entidades de torcedores. A percepção generalizada é de que a medida constitui uma tática paliativa, que não resolve a raiz do problema: a precificação que parece afastar uma parcela significativa dos fãs do evento esportivo mais popular do mundo. A promessa de uma “Copa do Mundo mais inclusiva” feita pela Fifa parece, para muitos, distante da realidade imposta pelos altos custos.

A expectativa é que a pressão sobre a Fifa continue, exigindo não apenas categorias de ingressos mais baratos, mas uma revisão mais profunda de seu modelo de precificação e distribuição. O desafio permanece em conciliar a rentabilidade de um evento de escala global com o desejo legítimo dos torcedores de todas as classes sociais e nacionalidades de fazerem parte da festa. O futuro da acessibilidade nas Copas do Mundo de futebol dependerá de como a Fifa responderá a essas demandas crescentes, buscando um equilíbrio entre o espetáculo e a paixão dos verdadeiros amantes do esporte.

Perguntas frequentes sobre os ingressos da Copa do Mundo 2026

Por que a Fifa anunciou ingressos mais baratos para a Copa do Mundo de 2026?
A Fifa anunciou uma categoria de ingressos mais baratos, a partir de 60 dólares para a final, após uma forte reação negativa global aos preços inicialmente divulgados. Entidades de torcedores, no entanto, veem a medida como uma tática para acalmar os ânimos.

Qual a reação das entidades de torcedores aos novos preços?
Entidades como a Football Supporters Europe (FSE) e os Irrésistibles Français (IF) expressaram ceticismo, chamando o anúncio de “mera tática” e apontando que a medida não resolve as falhas estruturais no modelo de precificação da Fifa, que continua a gerar decepção e inviabilizar o sonho de muitos torcedores.

Os ingressos mais baratos resolvem o problema de acesso à Copa?
Apesar da introdução de uma categoria mais acessível, a maioria das entidades e torcedores acredita que a medida não resolve o problema estrutural de acesso à Copa do Mundo. Os preços para outras fases e categorias continuam proibitivos para muitos, levantando questões sobre a verdadeira inclusão prometida pela Fifa.

Qual o impacto financeiro para os torcedores, especialmente os sul-americanos?
O impacto financeiro é significativo. Muitos torcedores, como os sul-americanos, enfrentam custos elevados de viagem e acomodação, além dos ingressos. Alguns relatam que precisam fazer sacrifícios financeiros diários ou considerar empréstimos para viabilizar a ida à Copa, evidenciando o quão desafiador é o custo total do evento.

Para mais informações sobre as vendas de ingressos e atualizações sobre a Copa do Mundo de 2026, continue acompanhando as notícias e os comunicados oficiais da Fifa.

Fonte: https://oglobo.globo.com

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