A final da Copa do Brasil deste domingo (24) entre Corinthians e Vasco, no Maracanã, não é apenas um confronto por um título de expressão nacional, mas também um testemunho da capacidade de superação de ambos os clubes diante de crises políticas e financeiras profundas. Independentemente de quem erguer a taça, o campeão será coroado após uma notável correção de rota, provando que o futebol pode, por vezes, transcender as turbulências extracampos.
Corinthians: Escândalos e Dívidas em Busca de Redenção
O Corinthians atravessa um dos períodos mais conturbados de sua história recente. A saída traumática do grupo de Andrés Sanchez, que comandou o clube por 16 anos, deu lugar a um escândalo envolvendo o ex-presidente Augusto Melo e o contrato com a antiga patrocinadora máster, Vai de Bet. O caso, que chegou à esfera policial, revelou desvios de verba que teriam beneficiado o crime organizado, resultando em processos criminais para Melo e outros diretores. A instabilidade política subsequente levou a uma dança de cadeiras na diretoria, com Osmar Stábile assumindo interinamente e buscando blindar o elenco da crise. Apesar dos esforços, o meia Rodrigo Garro admitiu que a situação externa inevitavelmente impacta os jogadores, embora o grupo mantenha união interna. Os problemas se agravam com uma dívida colossal de R$ 2,7 bilhões, dificuldades em honrar compromissos de curto prazo e um transfer ban imposto pela FIFA, que impede a contratação de novos atletas. O clube acumula mais de R$ 120 milhões em condenações por não pagamento em negociações passadas. As eliminações na pré-Libertadores e na Sul-Americana, além de uma campanha modesta no Brasileirão, marcaram a temporada. No entanto, em momentos cruciais, como na conquista do Paulistão contra o Palmeiras e na semifinal da Copa do Brasil contra o Cruzeiro, o time demonstrou força e mobilização, indicando uma capacidade de resposta em campo apesar das adversidades.
Vasco: Do Vácuo de Liderança à Final com Novo Rumo
Para o Vasco, a conquista da Copa do Brasil teria um significado especial, representando o primeiro título de grande expressão nacional desde a era Eurico Miranda. O clube, que conviveu com cinco rebaixamentos para a Série B no século XXI, viu sua recuperação ganhar novos contornos após a parceria frustrada com a 777 Partners. A relação com a empresa americana, que prometia estabilidade e profissionalização, deteriorou-se rapidamente devido a atrasos em aportes e decisões questionáveis, culminando em disputas judiciais e na perda de controle do futebol pela 777, deixando o Vasco em um preocupante vácuo de liderança. Em janeiro de 2024, o ex-jogador Pedrinho assumiu a presidência, inicialmente com foco em áreas não relacionadas ao futebol. Contudo, diante do risco de colapso esportivo, Pedrinho agiu judicialmente para retomar o controle do departamento de futebol, alegando o aumento da dívida total para R$ 1,4 milhão. Essa manobra devolveu ao clube uma sensação mínima de ordem, apesar das persistentes dificuldades financeiras. Dentro das quatro linhas, a contratação de Fernando Diniz em maio trouxe uma dose de estabilidade. O treinador, mesmo com um elenco limitado, conseguiu extrair o melhor de peças-chave como o goleiro Léo Jardim, o lateral Paulo Henrique, o jovem Rayan, o artilheiro Pablo Vegetti e o experiente Philippe Coutinho, elementos cruciais para a campanha vitoriosa na Copa do Brasil.
Decisão em Aberto no Maracanã
Com o placar de 0 a 0 na partida de ida, realizada na Neo Química Arena, a decisão do título da Copa do Brasil entre Corinthians e Vasco está em aberto. Qualquer novo empate levará a disputa para a emocionante disputa de pênaltis, tornando o confronto deste domingo, no Maracanã, ainda mais imprevisível e eletrizante.