Futebol Feminino: Investimento Mínimo de 1% das Receitas dos Clubes Brasileiros Desbloqueia Milhões e Revela Potencial Lucrativo
Com custos anuais abaixo de R$10 milhões, a modalidade já impulsiona vendas de atletas, direitos de transmissão e bilheterias, apontando para um futuro de sustentabilidade e sucesso esportivo.
O futebol feminino de elite no Brasil representa um investimento surpreendentemente baixo para os grandes clubes, exigindo, em média, menos de R$10 milhões anuais para ser mantido. Esse valor ínfimo, que corresponde a menos de 1% das receitas totais de um clube de futebol masculino, já começa a mostrar sinais robustos de crescimento e geração de valor, desafiando a percepção de ser apenas um centro de custo ou uma obrigação regulatória, conforme aponta um estudo recente da Outfield e Dibradoras.
Baixo Custo, Alto Retorno Esportivo
Apesar do investimento modesto, a correlação entre custo e resultado esportivo já é evidente. Equipes como Ferroviária e Palmeiras, que disputaram a final da Copa do Brasil em 2025 (com vitória palestrina), e o Cruzeiro, campeão do Campeonato Brasileiro no mesmo ano, demonstram que o aporte financeiro, mesmo que limitado, pode render frutos em campo. O relatório ressalta que o Brasil possui público, estrutura emergente e casos de sucesso, necessitando agora de “convergência” para maximizar seu potencial.
Novas Receitas e a “Exportação” de Talentos
Embora a sustentabilidade financeira ainda seja um desafio devido à falta de demonstrações financeiras separadas, há claros indícios de que o futebol feminino está abrindo novas fontes de receita. A “exportação” de jogadoras para ligas mais ricas é um exemplo notável. A venda de Amanda Gutierres do Palmeiras para o Boston Legacy, dos Estados Unidos, por 937 mil euros, não só gerou receita significativa para o clube paulista, mas também beneficiou o Santos pelo mecanismo de solidariedade, mostrando o potencial de valorização das atletas brasileiras no mercado internacional.
Crescimento Exponencial em Bilheteria e Transmissão
O engajamento do público também se traduz em números crescentes. A arrecadação com venda de ingressos no Campeonato Brasileiro Feminino saltou de R$2,3 milhões em 2023 para R$3,2 milhões em 2025. Os direitos de transmissão da Série A1 seguiram uma trajetória ainda mais impressionante, passando de R$2,8 milhões para R$9,9 milhões no mesmo período. A Copa do Brasil, por sua vez, já distribui R$6,5 milhões em premiações, divididos entre as fases, similarmente ao torneio masculino.
Patrocínios e o Caminho para a Sustentabilidade
Os patrocínios são outro pilar fundamental para o crescimento. A Ferroviária, por exemplo, demonstrou a força desses acordos, com 82% de sua receita total em 2024 (R$11,6 milhões) vindo de parcerias comerciais. O aumento gradual dessas receitas — ingressos, direitos de transmissão e patrocínios — aproxima a modalidade da tão almejada sustentabilidade financeira. No entanto, o subsídio dos clubes ainda é necessário, evidenciando que o futebol feminino precisa ser visto como um “vetor de valor” estratégico, e não apenas como uma obrigação regulatória, como defendem os autores do estudo patrocinado por Guaraná Antarctica e Centauro.