Hamilton: “Definitivamente o ano mais difícil” na F1, mas sem arrependimentos na Ferrari
A temporada de 2024 marcou um capítulo inédito e desafiador na longeva carreira de Lewis Hamilton na Fórmula 1. Após deixar a vitoriosa Mercedes, onde conquistou seis de seus sete títulos mundiais, para se juntar à Ferrari em janeiro, o piloto britânico encerrou o ano sem vitórias e, pela primeira vez em 19 anos de F1, sem sequer um pódio. A frustração era palpável, especialmente após o Grande Prêmio de Las Vegas, quando Hamilton declarou que aquele havia sido “definitivamente o ano mais difícil”.
Um Ano de Quebra de Recordes Negativos e Anseio pelo Futuro
O Grande Prêmio dos Estados Unidos, em outubro, viu Hamilton quebrar um recorde indesejado: o de maior número de corridas consecutivas sem pódio, superando Didier Pironi. A sequência de Hamilton chegou a 24 corridas, um marco que ele espera reverter em 2026. Em Las Vegas, o desânimo era evidente. “Eu estava ansioso para que a temporada terminasse. Tentei de tudo e nada estava funcionando”, admitiu, chegando a afirmar que “não estava nada animado” para o ano seguinte.
No entanto, o sentimento de frustração, embora presente, não se traduziu em arrependimento. Hamilton assegurou que “com certeza” assinaria novamente com a Ferrari. “Sei que leva tempo para construir e crescer dentro de uma organização, e eu esperava por isso”, declarou, demonstrando paciência e visão de longo prazo para o projeto.
Ferrari Reconhece Dificuldades e Elogia Reação do Piloto
Frédéric Vasseur, chefe da equipe Ferrari, confirmou a dificuldade da temporada. A equipe, que terminou em segundo lugar no campeonato de construtores em 2024, caiu para a quarta posição em 2025, a 435 pontos da líder. Vasseur, contudo, elogiou a postura de Hamilton diante dos desafios. “Sabíamos que seria difícil desde o primeiro trimestre da temporada. É responsabilidade de todos reagir, e Lewis faz parte dessa reação”, afirmou, compreendendo as reações emocionais do piloto após corridas difíceis.
Matteo Togninalli, chefe de engenharia de pista, contextualizou a adaptação de Hamilton. “Para um piloto mudar de equipe, e para um piloto como Lewis, que passou 12 anos na mesma equipe, é muito difícil para ambos os lados”, explicou, ressaltando as diferenças operacionais e a necessidade de tempo para sincronia.
Comparação com Leclerc e a Paixão dos Tifosi como Combustível
A comparação com o companheiro de equipe, Charles Leclerc, que terminou significativamente à frente na classificação e conquistou sete pódios, foi considerada injusta por Hamilton. “Charles fez um ótimo trabalho. Ele tem uma equipe ao seu redor com quem trabalha há muitos anos. Da minha parte, é um novo grupo de pessoas. É um novo ambiente com o qual ainda estou me acostumando a trabalhar”, ponderou.
Apesar dos resultados aquém do esperado, Hamilton encontra motivação na “paixão” que emana da Ferrari e de seus fervorosos fãs, os Tifosi. “É o que há de mais especial na marca e nas pessoas que trabalham nela. E depois os Tifosi, o apoio incrível que recebemos”, disse. Essa paixão, segundo ele, torna os fins de semana complicados ainda mais intensos, pois os resultados não refletem o esforço dedicado por todos na fábrica.
Foco em 2026 e a Missão de Reconstrução
Com o olhar fixo em 2026, Hamilton reconhece a “muita trabalho a fazer durante o inverno”. A análise da temporada será crucial para identificar as melhorias coletivas necessárias. “Acredito que podemos. Espero que implementemos e façamos mudanças, juntamente com, quem sabe, um pacote melhor no próximo ano”, projetou.
Leclerc, por sua vez, confirmou a motivação de Hamilton. “Foi um final de temporada difícil para Lewis, mas também para a equipe em geral, já que o carro ficou cada vez mais difícil de pilotar. Mas tenho certeza de que todos estaremos de volta no ano que vem”, comentou, evidenciando a união em torno do objetivo de recuperação.