2025/12 — Lula parabeniza Kast por eleição no Chile: foco nas relações bilaterais
Em um cenário de efervescência política na América Latina, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, estendeu suas felicitações a José Antonio Kast, do Partido Republicano, pela vitória na eleição presidencial do Chile. As projeções indicaram Kast como o novo líder chileno, e a manifestação de Lula ressalta a importância da manutenção e do aprofundamento dos laços entre as duas nações sul-americanas. A mensagem do presidente brasileiro, divulgada em suas redes sociais, destacou a transparência e a ordem do processo eleitoral democrático chileno, além de expressar votos de pleno êxito ao presidente eleito em seu futuro mandato. O foco primordial da diplomacia brasileira, conforme explicitado por Lula, será o fortalecimento das já excelentes relações bilaterais e dos robustos laços econômico-comerciais que unem Brasil e Chile, elementos cruciais para a integração regional e a preservação da América do Sul como uma zona de paz. A eleição de Kast representa uma guinada significativa no panorama político chileno, posicionando o país com um líder de ultradireita pela primeira vez desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet. O aceno diplomático de Lula e o novo panorama chileno A mensagem brasileira e a integração regional A congratulação do presidente Lula a José Antonio Kast, recém-eleito presidente do Chile, não é apenas um gesto protocolar, mas um indicativo da prioridade do Brasil em manter pontes com governos de diferentes espectros ideológicos na região. A mensagem do líder brasileiro ressaltou a natureza democrática e transparente do pleito chileno, enfatizando o respeito à vontade popular. Mais do que felicitar o vencedor, Lula fez questão de reiterar o compromisso do Brasil com a continuidade do trabalho conjunto em favor do estreitamento das relações bilaterais. Este fortalecimento abrange não apenas o aspecto político, mas também os sólidos laços econômico-comerciais, que são pilares da parceria entre Brasil e Chile. A visão de Lula se estende à integração regional, percebendo a colaboração entre os países como essencial para a manutenção da América do Sul como uma zona de paz, um objetivo compartilhado por diversas administrações na região. Vitória de Kast: um marco para a direita chilena José Antonio Kast foi declarado presidente com uma vitória expressiva, conquistando 58,30% dos votos com mais de 95% das urnas apuradas, superando a candidata governista Jeannette Jara, que obteve 41,70%. Esta eleição marca um ponto de virada na política chilena, consolidando Kast como o presidente mais à direita do país desde o término da ditadura de Augusto Pinochet, há 35 anos. Sua ascensão ocorre em um cenário político adverso, caracterizado por um Congresso sem maiorias definidas. A direita, embora tenha somado a maior parte dos votos no primeiro turno, enfrenta uma fragmentação interna que pode dificultar a formação de um governo coeso e a aprovação de sua agenda legislativa. A vitória de Kast, portanto, não é apenas o triunfo de um candidato, mas o reflexo de um anseio por mudanças e, ao mesmo tempo, um desafio para a governabilidade em um país que demonstra sinais de fadiga política e busca por ordem. Um presidente ultraconservador em um país dividido Propostas e perfil do presidente eleito José Antonio Kast, advogado de 59 anos, católico devoto e pai de nove filhos, construiu sua campanha em torno de uma agenda rigorosa nas áreas de segurança pública e imigração. Entre suas promessas mais notáveis, destacam-se a deportação de aproximadamente 340 mil imigrantes em situação irregular, majoritariamente venezuelanos, e a construção de um muro na fronteira com a Bolívia. O combate implacável à criminalidade também figura como um pilar central de seu plano de governo. Tais temas ressoaram fortemente entre o eleitorado chileno, que, segundo pesquisas recentes, elege crime e violência como suas maiores preocupações. A percepção de insegurança superou, em muitos casos, os índices criminais reais, influenciando o debate público e as prioridades dos eleitores. A própria candidata derrotada, Jeannette Jara, ajustou seu discurso no segundo turno para dialogar com essa preocupação crescente, indicando a centralidade desses assuntos na agenda política nacional. Reações e o desafio da governabilidade Pouco após o anúncio dos resultados, Jeannette Jara reconheceu a derrota e parabenizou seu adversário em uma publicação na plataforma X, afirmando que “a democracia falou alto e claro”. Em um gesto de união, ela ligou para Kast para desejar-lhe sucesso em prol do Chile, reiterando seu compromisso de continuar trabalhando para o bem do país. O presidente eleito, Gabriel Boric, também telefonou para seu sucessor, oferecendo apoio e compartilhando a experiência da “solidão do poder”, um lembrete das complexas decisões que o aguardam. Internacionalmente, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, felicitou Kast, expressando confiança de que o Chile avançará em prioridades compartilhadas, como o fortalecimento da segurança pública, o controle da imigração ilegal e a revitalização da relação comercial. Nas ruas, eleitores de Kast celebraram a vitória com bandeiras chilenas, enquanto o presidente eleito se prepara para assumir o Palácio La Moneda em março. O Congresso fragmentado e os precedentes históricos A governabilidade de Kast será testada por um Congresso bastante dividido. Embora as coligações de direita, incluindo a de Kast, tenham conquistado a maioria das cadeiras na Câmara dos Deputados (76 de 155) e no Senado (25 de 50), a fragmentação interna pode ser um obstáculo. Analistas políticos, como o professor Carlos Huneeus, da Universidade do Chile, apontam para a incerteza sobre como os partidos de direita tradicional, como o Chile Vamos, se alinharão ao governo Kast e se aceitarão convites para o Gabinete. Essa polarização parlamentar já foi um entrave significativo para o presidente Boric, que viu reformas centrais de sua campanha, como a constitucional, serem barradas pela falta de maioria. Além dos desafios contemporâneos, Kast carrega um histórico controverso: sua oposição ao aborto em qualquer circunstância e seu apoio declarado à ditadura militar de Pinochet, que resultou em milhares de mortes e desaparecimentos. Embora ele tenha evitado esses temas na campanha mais recente, investigações jornalísticas de 2021 trouxeram à tona a filiação de seu pai ao Partido Nazista na Alemanha, alegação que Kast nega, afirmando que seu pai foi um recruta forçado





