2025/12 — Transtorno de ansiedade grave pode gerar direito ao BPC
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), um pilar da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), representa um suporte essencial para idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica no Brasil. Diferente de outros benefícios previdenciários, o BPC não exige contribuição prévia ao INSS e garante o pagamento mensal de um salário mínimo. A elegibilidade para o BPC abrange deficiências de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que criam barreiras à plena participação social. Notavelmente, transtornos mentais, incluindo o transtorno de ansiedade, podem ser reconhecidos como uma deficiência qualificante para o BPC/LOAS, desde que apresentem longa duração e um impacto significativo e comprovado na vida diária do indivíduo. Compreendendo o BPC/LOAS e a elegibilidade para transtornos mentais O Benefício de Prestação Continuada (BPC), regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), é um direito fundamental destinado a garantir um mínimo de dignidade para cidadãos brasileiros em condições de extrema vulnerabilidade. Este benefício, no valor de um salário mínimo mensal, não se confunde com aposentadorias ou pensões, pois não exige qualquer contribuição prévia para a Previdência Social. Seu principal objetivo é amparar dois grupos específicos: idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência, ambos em situação de baixa renda. Para as pessoas com deficiência, a LOAS define um impedimento de longo prazo, considerando-o como aquele que produz efeitos por um período mínimo de dois anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Este impedimento deve, comprovadamente, obstruir a participação plena e efetiva do indivíduo na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. É neste contexto que os transtornos mentais, como o transtorno de ansiedade, ganham relevância. Transtorno de ansiedade como deficiência para o BPC A legislação e a jurisprudência têm evoluído para reconhecer que transtornos mentais, incluindo a ansiedade severa e persistente, podem ser enquadrados como deficiência para fins de concessão do BPC/LOAS. O ponto crucial não é o diagnóstico em si, mas sim o impacto funcional que a condição impõe ao indivíduo. Para que o transtorno de ansiedade seja considerado uma deficiência apta a gerar o direito ao benefício, é fundamental que ele demonstre ser de longa duração, geralmente superior a dois anos, e que provoque um comprometimento significativo na vida cotidiana. Este comprometimento pode se manifestar de diversas formas, afetando a capacidade de estudar, manter uma rotina organizada, interagir socialmente, sair de casa, ou mesmo realizar tarefas básicas de autocuidado. A chave para o reconhecimento reside na comprovação desse impacto através de documentação médica e técnica robusta, somada à condição de vulnerabilidade econômica da família. Tribunais têm sistematicamente validado pedidos de BPC para casos de transtornos mentais quando a documentação apresentada é consistente e demonstra claramente a limitação funcional e a longa duração da condição. O processo de perícia do INSS e a documentação necessária O caminho para a obtenção do BPC para pessoas com transtorno de ansiedade envolve uma rigorosa avaliação, tanto médica quanto social, por parte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A perícia médica é um estágio fundamental onde a ansiedade é examinada para determinar se ela é incapacitante e se afeta a participação plena e efetiva do requerente na sociedade. Detalhes da perícia médica Durante a perícia do INSS, são considerados diversos critérios para avaliar o grau de comprometimento causado pelo transtorno de ansiedade. Entre os pontos-chave analisados estão o histórico e a gravidade da doença, a frequência e intensidade das crises de ansiedade, o uso contínuo de medicação e seus respectivos efeitos colaterais, bem como a aderência e resposta do requerente ao tratamento proposto. A avaliação pericial também se debruça sobre a rotina do indivíduo, investigando como o transtorno limita sua capacidade de realizar atividades essenciais. Por exemplo, são verificadas as condições para frequentar aulas, utilizar transporte público, enfrentar filas e aglomerações, organizar tarefas diárias, ou mesmo assumir o autocuidado básico. Em alguns casos, a necessidade de apoio de terceiros para a execução dessas atividades pode ser um indicativo da gravidade do impedimento. Registros de atendimentos em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), consultas regulares com profissionais de saúde mental e eventuais internações psiquiátricas também são levados em conta para corroborar a extensão das limitações. Documentação essencial para o requerimento A comprovação da condição de deficiência e de suas limitações é crucial para a análise do BPC. Para pessoas com ansiedade severa ou outros transtornos mentais, alguns documentos possuem maior peso na avaliação. É altamente recomendado que o requerente organize e apresente um histórico completo de registros médicos, tanto antigos quanto recentes, que atestem a continuidade e a longa duração do transtorno. Documentos como prontuários médicos, receitas de medicamentos, atestados e relatórios emitidos por CAPS e psicólogos são de suma importância. O laudo médico, especialmente o do psiquiatra, deve ser detalhado, contendo o Código Internacional de Doenças (CID) específico, a evolução do quadro, as limitações claras no dia a dia do paciente e um prognóstico duradouro da condição. Adicionalmente, relatórios de terapeutas ocupacionais e da escola (se aplicável), indicando faltas, dificuldades de aprendizado ou a necessidade de adaptações, podem fortalecer o pedido ao demonstrar o impacto funcional em múltiplos ambientes. Critério socioeconômico e flexibilizações Além da comprovação da deficiência, o critério socioeconômico é um pilar fundamental para a concessão do BPC. Este critério considera a renda familiar por pessoa, sendo que o valor do último mês ou a média dos últimos 12 meses não deve ultrapassar ¼ do salário-mínimo por pessoa da família. A análise é feita com base em documentos como o Cadastro Único (CadÚnico) ou do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), mas também leva em conta a situação real da família. Comprovação de vulnerabilidade e composição de renda Para demonstrar a vulnerabilidade econômica, é importante reunir documentos que evidenciem os gastos e a real capacidade financeira da família. Isso inclui notas fiscais e recibos de despesas, contratos de aluguel ou contas de consumo. Para aqueles com renda variável, como trabalhadores informais, é crucial registrar e comprovar seus rendimentos. Uma portaria conjunta recente do


