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2025/12 — Articulações de Motta antecedem Renúncia de Carla Zambelli para evitar cassação

A renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao seu mandato na Câmara dos Deputados, anunciada recentemente, foi o ápice de um período de intensas articulações políticas e negociações de bastidores. Nos dias que antecederam a decisão, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), desempenhou um papel crucial, buscando o que aliados descreveram como uma “saída mais honrosa” para a parlamentar. Este movimento estratégico tinha um duplo propósito: proporcionar uma solução política para Zambelli e, simultaneamente, evitar que Motta fosse forçado a oficializar a cassação do mandato, uma medida que poderia agravar as tensões com a oposição e abrir novas frentes de embate político. A complexidade da situação e a intervenção de diversas lideranças evidenciam a importância estratégica da renúncia no cenário atual. O enredo da renúncia e as articulações políticas A saída de Carla Zambelli do cenário parlamentar não foi um evento isolado, mas sim o resultado de um complexo xadrez político. Correligionários de Motta e da própria Zambelli confirmaram que o presidente da Câmara manteve diálogos com líderes do Partido Liberal (PL), além de familiares e advogados da deputada. O objetivo era construir um caminho que oferecesse à parlamentar uma alternativa à cassação iminente, que já havia sido determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A renúncia, nesse contexto, representou uma manobra para gerenciar a crise e, ao mesmo tempo, preservar a imagem da Casa. Adilson Barroso (PL-SP) assumirá o cargo vago pela parlamentar, que atualmente está detida na Itália. A intervenção de Hugo Motta A participação de Hugo Motta foi decisiva. Diante da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que havia anulado a deliberação do plenário da Câmara que preservava o mandato de Zambelli, Motta solicitou ao departamento jurídico da Casa uma análise aprofundada da situação. Moraes já havia determinado a cassação, seguindo o entendimento anterior da Corte. A referenda unânime da Primeira Turma do STF à ordem na última sexta-feira intensificou a pressão sobre a Câmara, tornando a intervenção de Motta ainda mais urgente. Ele buscou uma solução política que pudesse atenuar os impactos para todos os envolvidos, incluindo a própria Câmara, evitando confrontos diretos com o Judiciário. A estratégia por trás da decisão A renúncia foi descrita pelo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), como uma questão puramente “estratégica”. Segundo Cavalcante, era fundamental que Zambelli renunciasse antes que Motta tivesse que sacramentar a cassação, mesmo com a Câmara, em um momento anterior, tendo absolvido a parlamentar. A visão era de que essa ação prévia poderia auxiliar na defesa da deputada na Itália, onde está presa. A frase “Moraes acha que manda, mas temos as nossas estratégias”, atribuída a Sóstenes, encapsula o espírito de resistência e a tentativa de encontrar brechas legais e políticas diante das determinações judiciais. A manobra visava também preservar a capacidade de argumentação em futuras instâncias. A postura do Supremo Tribunal Federal O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, tem mantido uma linha firme em relação à perda de mandatos parlamentares condenados criminalmente. A anulação da decisão da Câmara que tentava preservar o mandato de Zambelli reflete a posição da Corte sobre a constitucionalidade do processo. A anulação da decisão da Câmara O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo de condenação de Zambelli, foi categórico ao revogar a decisão da Câmara. Segundo Moraes, a deliberação da Casa em rejeitar a perda do mandato da deputada “ocorreu em clara violação” à Constituição Federal. Ele classificou o ato como “NULO, por evidente inconstitucionalidade, presentes tanto o desrespeito aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, quanto flagrante desvio de finalidade”. O magistrado enfatizou que a Constituição atribui ao Poder Judiciário a competência para determinar a perda do mandato parlamentar em casos de condenação criminal transitada em julgado. Nesses cenários, a Mesa da Câmara tem apenas o papel de declarar a perda do mandato por meio de um ato administrativo vinculado. A decisão de Moraes também sublinhou que a votação da Câmara contrariava uma série de precedentes do STF, que desde o julgamento da Ação Penal 470 (o “mensalão”), em 2012, consolidou o entendimento de que parlamentares condenados criminalmente de forma definitiva perdem automaticamente o mandato. Implicações jurídicas da renúncia Para especialistas em direito constitucional, como o professor Gustavo Sampaio, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a renúncia de Zambelli após uma ordem judicial que determinava a perda do mandato poderá ser considerada inócua pelo STF. Sampaio aponta que a Corte deverá seguir um entendimento consolidado ao longo dos anos, que remonta ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Dessa forma, a perda do cargo devido à condenação criminal transitada em julgado suspende os direitos políticos da deputada, impossibilitando-a de se candidatar em futuras eleições. Ministros do STF, que já consideravam a decisão da Câmara de manter o mandato como “inaceitável” e uma tentativa de “desmoralizar” a Corte, indicavam que alguma nova medida seria adotada. A renúncia, embora estratégica do ponto de vista político, não altera necessariamente a avaliação jurídica da situação. O caso Zambelli e sua condenação A base para toda essa movimentação política e jurídica reside na condenação de Carla Zambelli, que a levou à situação atual. Detalhes da condenação por invasão ao CNJ Carla Zambelli foi condenada em maio deste ano pelo STF por sua participação na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os ministros da Primeira Turma do Tribunal entenderam que ela e o hacker Walter Delgatti cometeram os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou Zambelli e Delgatti de coordenarem ataques aos sistemas do CNJ com o objetivo explícito de desacreditar a Justiça brasileira e incitar atos antidemocráticos. Essa condenação criminal com trânsito em julgado é o cerne do processo que levou à perda de seu mandato parlamentar. O processo de extradição e o futuro legal Atualmente, a agora ex-deputada está detida na Itália, onde foi presa. Há um processo de extradição em andamento, cujo objetivo é trazê-la de volta ao Brasil para que cumpra a pena à qual foi sentenciada. A complexidade do

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2025/12 — Precedente de Donadon pode guiar caso Zambelli no supremo

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou a perda imediata do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e determinou a posse do suplente em até 48 horas, reacende intensas discussões sobre precedentes similares no Legislativo brasileiro. A perda de mandato parlamentar, nestes termos, tem um marco histórico relevante no caso do ex-deputado Natan Donadon. Este precedente de 2013 ilustra a complexidade e a tensão entre os poderes Judiciário e Legislativo, estabelecendo um importante referencial para a situação atual. A análise deste cenário revela não apenas os aspectos jurídicos intrínsecos à condenação de Zambelli, mas também as intrincadas dinâmicas políticas que permeiam a autonomia e a imagem da Câmara dos Deputados diante da opinião pública e do Judiciário. O precedente de Natan Donadon e a perda de mandato parlamentar O caso do ex-deputado Natan Donadon, em 2013, emergiu como um marco fundamental na jurisprudência brasileira e nas relações entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Donadon, condenado por peculato em trânsito em julgado, enfrentou um processo de cassação de seu mandato que se tornou um divisor de águas. Inicialmente, a Câmara dos Deputados, em uma votação secreta, decidiu pela sua permanência no cargo, um movimento amplamente interpretado como uma “blindagem” parlamentar, prática comum na época. Essa decisão gerou grande insatisfação popular e repercussão negativa, levantando questionamentos sobre a efetividade da justiça e a responsabilidade dos parlamentares. A reviravolta no caso Donadon A resposta judicial a essa “blindagem” não tardou. O Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, interveio na questão. Em uma decisão que reafirmava a primazia da Constituição e a autoridade do Judiciário em casos de condenação criminal definitiva de parlamentares, o STF anulou a decisão da Câmara dos Deputados que havia mantido Donadon no mandato. A corte entendeu que a condenação em trânsito em julgado acarretava a perda automática do mandato, independentemente da deliberação do Legislativo, especialmente quando a votação da Câmara se mostrou descolada da gravidade da condenação e do anseio público por responsabilização. Essa anulação forçou a Câmara a revisitar sua posição, gerando um novo cenário de pressão e debate interno. Votação histórica e o fim do voto secreto Diante da determinação do STF, a Câmara dos Deputados foi compelida a realizar uma nova votação sobre a cassação de Natan Donadon. Este segundo escrutínio, no entanto, foi notável por dois motivos cruciais que o tornaram histórico e reformularam o processo de perda de mandato no Brasil. Primeiramente, as votações desse tipo deixaram de ser secretas. A transição para o voto aberto representou um avanço significativo na transparência do Legislativo, eliminando a margem para a “blindagem” de parlamentares por meio de votos ocultos. A publicidade dos votos passou a expor os deputados à avaliação de seus eleitores e da opinião pública, aumentando a responsabilidade individual. Em segundo lugar, mesmo com a ausência de muitos parlamentares, o que indicava uma tentativa de esvaziar a votação e evitar o desgaste político, Donadon foi finalmente cassado e perdeu seu mandato. Este desfecho demonstrou que, mesmo diante de manobras políticas, a pressão judicial e a opinião pública, amplificadas pelo voto aberto, podiam prevalecer, estabelecendo um precedente robusto para futuras condenações criminais de congressistas. Desdobramentos políticos e a autonomia dos poderes A situação de Carla Zambelli, com a determinação de perda imediata do mandato pelo STF, coloca a Câmara dos Deputados em uma encruzilhada similar à enfrentada no caso Donadon. A deputada possui uma condenação em trânsito em julgado, o que significa que não cabe mais nenhum recurso, e sua situação é considerada irreversível do ponto de vista jurídico, agravada pelo fato de se encontrar fora do país, em aparente fuga. Este cenário traz à tona um delicado cálculo político e levanta questões fundamentais sobre a autonomia dos poderes e a imagem do Legislativo perante a sociedade. A imagem do legislativo e a condenação de Zambelli A inicial “blindagem” de Zambelli pela Câmara dos Deputados, em face de sua condenação e sua condição de foragida, gerou uma percepção negativa na opinião pública. A sociedade espera que o Legislativo atue com transparência e responsabilidade, e a proteção de um parlamentar com uma situação jurídica tão grave pode comprometer a credibilidade da instituição. Em uma análise que mescla aspectos jurídicos e políticos, uma nova votação na Câmara, resultando na cassação de Carla Zambelli, poderia ser um caminho para a Casa reafirmar sua independência e, ao mesmo tempo, dar uma resposta contundente ao STF. Essa postura demonstraria que o Legislativo é capaz de corrigir seus próprios rumos, evitando a impressão de que está aquém da gravidade dos fatos ou da expectativa social por accountability. Tal decisão seria vista como uma tentativa de restaurar a imagem do Congresso e sanar uma situação que, sem dúvida, “ficou feia” perante o escrutínio público e internacional. O embate entre STF e congresso e outros casos A decisão do ministro Alexandre de Moraes, fundamentada em precedentes do Mensalão — casos em que parlamentares condenados perderam automaticamente seus mandatos —, intensifica a divergência de interpretações entre os poderes. Este é um embate constitucional sobre qual poder tem a palavra final na perda de mandato de um parlamentar com condenação definitiva. O cálculo político dos líderes do Congresso, como Hugo Motta, torna-se crucial para evitar que a situação “incendeie” ainda mais a relação já tensa entre Judiciário e Legislativo. Há uma tendência identificada em discursos de aliados de que o caminho mais polido seria acatar a decisão do Supremo, embora isso não exclua o debate sobre a prerrogativa parlamentar. Adicionalmente, a decisão no caso Zambelli pode ter um impacto direto no julgamento de outros deputados, como Ramagem, previsto para a próxima semana no plenário da Câmara. A forma como o caso Zambelli for conduzido pode estabelecer um novo padrão. Por exemplo, se Ramagem, que é visto como alguém com melhores relações no parlamento, conseguir ser “livrado” da cassação com mais apoio do que Zambelli, isso pode indicar uma flexibilização ou uma busca por diferenciação por parte dos parlamentares, dependendo

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